Saiba o que está por detrás das organizações de clubes que são SAD como S.L Benfica e F.C. Porto e como é possível investir neles em bolsa.
No panorama desportivo português, o termo SAD é frequentemente mencionado, principalmente quando se fala dos três principais clubes de futebol do país: Benfica, Porto e Sporting.
Mas nem toda a gente compreende o que está por detrás desta sigla ou sabe sequer como essa forma de organização pode ter a ver com o seu dinheiro e com a bolsa de valores.
Já de seguida vamos explorar o mundo das Sociedades Anónimas Desportivas (SAD) em Portugal, desvendar os seus propósitos, estruturas e impacto no cenário desportivo nacional, sobretudo com foco no investidor.
As Sociedades Anónimas Desportivas, mais conhecidas pela sigla SAD, representam uma forma de organização própria no universo desportivo português. São entidades jurídicas autónomas, criadas com o intuito de gerir as atividades desportivas de um clube, mas com uma gestão mais orientada para princípios empresariais e financeiros.
Ao permitir a entrada de investimento privado, a SAD procura equilibrar o sucesso desportivo com uma gestão financeira sólida. Este modelo contribui não apenas para a competitividade desportiva, mas também oferece aos adeptos a oportunidade de se tornarem parte ativa do percurso dos seus clubes enquanto investidores.
Legislação-base:
As Sociedades Anónimas Desportivas estão atualmente previstas e reguladas pelo Decreto-Lei nº 10/2013, de 25 de janeiro, que estabelece o Regime Jurídico das Sociedades Desportivas (RJSD) a que ficam sujeitos os clubes desportivos que pretendem participar em competições desportivas profissionais no país.
A aplicação das regras gerais do Código das Sociedades Comerciais (Decreto-Lei nº262/86) a este tipo específico de sociedade é feita de forma subsidiária. Na prática, isso significa que tais regras entram em vigor apenas para aspetos específicos da administração das Sociedades Desportivas que não estejam cobertos pelo RJSD.
Salienta-se que as SAD não são o único tipo societário utilizado pelos clubes desportivos em Portugal: há ainda modelos como a Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ, Lda.), também previstas no Decreto-Lei nº 10/2013, de 25 de janeiro.
Compreender as nuances que diferenciam uma Sociedade Anónima Desportiva de um clube desportivo no modelo tradicional é fundamental para perceber as complexidades da gestão desportiva moderna. Mais ainda para quem deseja investir em clubes desportivos.
Em termos gerais, seguem-se algumas diferenças:
Existem dezenas de Sociedades Anónimas Desportivas no futebol de Portugal: só na temporada 2024-2025, dos 36 clubes que disputam as duas primeiras ligas 33 são SAD. A saber:
Primeira Liga:
Segunda Liga:
Os restantes são Sociedades Desportivas Unipessoais por Quotas (SDUQ, Lda.) com um mínimo de capital social exigido de 250 mil euros. No caso do principal escalão já sobe para um milhão de euros. Em ambos os casos o clube é obrigado a ter, no mínimo, 10% do capital da sociedade.
Em geral, as Sociedades Anónimas Desportivas seguem uma estrutura organizacional que reflete a fusão do desporto com princípios empresariais.
No topo da hierarquia está o Conselho de Administração, composto por membros executivos e não executivos. O Presidente do Conselho de Administração é a figura de destaque pois lidera as decisões estratégicas e representa a SAD externamente.
O Diretor Desportivo, por sua vez, concentra-se nas decisões relacionadas com a composição da equipa, transferências e contratações, enquanto o Diretor Financeiro assegura a saúde económica e o Diretor de Comunicação é o responsável direto por manter uma relação transparente com os adeptos e a comunicação social.
A Assembleia Geral, composta por acionistas, é responsável por aprovar decisões cruciais. Além disso, a Comissão de Auditoria e o Conselho Fiscal desempenham papéis de supervisão a fim de garantir a transparência financeira e conformidade com as normas estabelecidas.
E AINDA…
A entidade reguladora de uma SAD em bolsa é a CMVM. Saiba mais sobre as suas competências aqui.
Quando se fala em investir numa SAD, a primeira situação a ter em conta é deixar a paixão pelo clube de lado e focar-se no negócio. O investimento numa SAD via compra de ações exige racionalidade quanto aos riscos envolvidos na operação. Outras recomendações:
Como comprar ações de uma SAD?
Investir num clube de futebol que opera sob uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD) através da bolsa de valores envolve alguns passos específicos. Seguem alguns deles:
1 – Escolha do intermediário financeiro: é necessário ter um intermediário financeiro para facilitar a compra. Entre em contato com uma corretora de valores mobiliários que tenha acesso ao mercado onde as ações da SAD que quer investir são negociadas. Faça uma pesquisa rápida para saber de valores de comissões, abertura de conta, etc…
2 – Abertura de conta no intermediário financeiro: durante esse processo, podem ser-lhe solicitados documentos de identificação pessoal e informações sobre a sua saúde financeira.
3 – Ordem de compra: agora já pode fazer uma ordem de compra especificando a quantidade de ações da SAD que deseja adquirir. Essa ordem será executada assim que houver correspondência com uma ordem de venda no mercado.
4 – Gestão da carteira: depois de adquirir as ações é importante acompanhar o desempenho da sua carteira. Esteja ciente de que o investimento em bolsa envolve riscos. As flutuações do mercado e as notícias (boas ou más) sobre os clubes podem impactar o valor das ações.