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Certificados de Aforro: como calcular a sua rentabilidade

Saiba como usar os certificados de aforro, um tipo de dívida pública, para investir de forma mais segura e rentável.

Uma mão segura numa seta vermelha com a indicação de movimento a subir e por baixo estão quatro montinhos de moedas, também eles em montes crescentes.

Os certificados de aforro são uma das opções de investimento em dívida pública mais populares entre os portugueses. Criados pelo Estado, estes produtos financeiros atraem a atenção dos investidores comuns por oferecerem rentabilidades maiores que os depósitos a prazo e, de certa forma, com um risco muito baixo.  

Neste artigo vamos explorar como funcionam os certificados de aforro, suas vantagens e desvantagens, e por que razão podem ser uma boa opção para o seu portfólio de investimentos neste momento.

O que são Certificados de Aforro?

Os certificados de aforro são títulos de dívida pública emitidos pelo Estado português. Ao adquiri-los está a emprestar dinheiro ao Estado que, em troca, garante o reembolso da totalidade do dinheiro investido acrescido de juros.  

Uma vez que se trata de um empréstimo ao Estado é pouco provável que este declare falência e não consiga devolver o capital que os particulares investiram, daí ser considerado um investimento de baixo risco.

A série mais recente é a F e o valor de subscrição de cada unidade é de 1€. No entanto, atualmente, o mínimo de certificados por conta aforro são 100 unidades – correspondentes a 100€ – e o máximo que pode adquirir são 100 000 unidades, ou seja, 100 000€.

Titularidade

Só podem ser titulares deste tipo de certificados pessoas singulares, empresas não. Cada pessoa pode ser titular de uma conta aforro apenas e a cada conta está associado um IBAN. Os certificados de aforro são nominativos, o que significa que não os poderá oferecer, vender ou ainda indicar um movimentador. Só o próprio poderá resgatar os seus certificados ou, em caso de falecimento do titular, os seus herdeiros.

E AINDA…
Para os investidores institucionais está destinados outro tipo de dívida pública – as obrigações do tesouro

Rendimento

O rendimento dos certificados de aforro está diretamente ligado à evolução da EURIBOR (Euro Interbank Offered Rate). A Euribor é a taxa de juro média praticada entre os bancos europeus para empréstimos interbancários no curto prazo. Para o cálculo da taxa de juro é utilizada a Euribor a 3 meses + 1%.

Na série atual, abril de 2025, o Estado paga uma taxa de juro bruta de 2,415% e trimestralmente são pagos juros capitalizáveis, isto é, juros que se somam ao valor inicial, aumentando o valor base.   

Estes títulos da dívida pública dão também prémios de permanência, o que os torna mais apelativos. Assim, a somar à taxa-base deve incluir:

  • Mais 0,25%: do início do 2.º ano até ao final do 5.º ano;
  • Mais 0,50%: do início do 6.º ano ao fim do 9.º ano;
  • Mais 1%: nos 10º e 11º anos;
  • Mais 1,50%: no 12.º e 13.º anos;
  • Mais 1,75%: nos dois últimos anos.


Quando a Euribor está em alta – como em cenários de inflação crescente ou políticas monetárias restritivas – o rendimento dos certificados de aforro tende a subir e por isso oferece melhores retornos para os investidores.

PRESTE ATENÇÃO:
Mesmo que a Euribor suba, o rendimento dos certificados de aforro pode ser limitado por regras definidas pelo Estado, como é o caso. Assim, a taxa dos certificados de aforro nunca pode ser superior a 2,5% nem inferior a 0%.

Quando resgatar?

O prazo final dos certificados de aforro, série F, é de 15 anos. Porém, pode resgatá-los em qualquer altura após os primeiros três meses. Se o fizer antes convém que seja logo após o pagamento dos juros trimestrais.

Vantagens dos Certificados de Aforro

Confira agora cinco principais vantagens em investir nos certificados de aforro.

  • Segurança: como são garantidos pelo Estado, os certificados de aforro são considerados uma das opções de investimento mais seguras em Portugal.
  • Acessibilidade: o investimento inicial mínimo é bastante acessível, o que permite a entrada de pequenos investidores.
  • Liquidez: embora sejam investimentos de longo prazo, os certificados de aforro podem ser resgatados a qualquer momento após os primeiros três meses.
  • Simplicidade: não há necessidade de acompanhamento constante do mercado, pois o investimento é mais estável e previsível.
  • Rentabilidade crescente: os juros pagos aumentam ao longo do tempo, o que incentiva os investidores a manterem o capital investido por períodos mais longos.

Desvantagens dos Certificados de Aforro

Todo o investidor deve estar a par, ainda, das desvantagens de qualquer investimento. Deixamos aqui os principais contras:

  • Taxa de juro inicial baixa: a taxa de juro inicial – primeiros anos – pode ser baixa, o que desincentiva o investimento de curto prazo.
  • Impacto da inflação: a rentabilidade pode ser corroída pela inflação ao longo do tempo, especialmente em períodos de inflação alta.
  • Rentabilidade inferior a outros investimentos: apesar da segurança, os certificados de aforro tendem a oferecer uma rentabilidade inferior a investimentos de maior risco como ações ou fundos imobiliários.

Onde adquirir os Certificados de Aforro?

Os certificados de aforro podem ser adquiridos:

  • Em qualquer balcão dos Correios;
  • Nos Espaços Cidadão;
  • Nos canais digitais do banco Big;
  • Online, através da conta AforroNet, mas unicamente se já tiver conta aberta. Caso contrário para a abertura de conta necessita da identificação pessoal e fiscal e ainda dos comprovativos da morada, da profissão e da entidade patronal.

Certificados de Aforro: exemplo prático 

Joana, uma professora de 36 anos, deseja poupar para a educação universitária dos seus dois filhos e procura um investimento seguro com liquidez relativamente flexível. Joana está interessada em opções que ofereçam estabilidade, idealmente com um rendimento melhor do que o de uma conta poupança.

Joana decide investir 10.000€ em certificados de aforro, aliciada pela segurança do Estado e pela taxa de juro a longo prazo. Seguem-se os detalhes do investimento:

  • Taxa de juro: os certificados de aforro pagam uma taxa base mais um prémio que aumenta com o tempo de permanência do investimento. No primeiro ano Joana só pode contar com a taxa base de 2,415% brutos. Nos anos seguintes há que somar as percentagens acima descritas.

  • Frequência de pagamento: os juros são calculados e capitalizados trimestralmente o que proporciona um efeito de juro composto.

  • Cenário de investimento inicial: no primeiro ano, com uma taxa base de 2,415%, a Joana ganha 243,37€ brutos. Esse valor continuaria a aumentar anualmente devido à capitalização de juros e ao incremento do prémio.

  • Imposto retido: os juros dos certificados de aforro estão sujeitos a uma taxa de 28% de imposto. No primeiro ano, isso resultaria em cerca de 68,14€ retirados aos 243,37€ brutos. Assim, a Joana ficaria com 175,23€ líquidos. Após o segundo ano, já pode somar à taxa base 0,25%, o que resultaria numa taxa bruta de 2,665%. Nos anos subsequentes, o cálculo de imposto seguiria a mesma lógica.

  • Retorno final: se a Joana mantiver o seu investimento durante 15 anos, o total acumulado de juros, antes de impostos, seria superior ao simples cálculo anual devido à capitalização. A cada ano, os juros são calculados sobre um montante cada vez maior. Assim, após o imposto, ela teria acumulado mais de 102,63€ em juros líquidos no final desses anos considerando o efeito da capitalização e do aumento progressivo do prémio. Confira agora a tabela exemplificativa: 

Ano

Taxa Bruta (%)

Montante Bruto (€)

Juros Brutos (€)

Juros Líquidos (€)

Montante Líquido (€)

1

2,415

10.243,70

243,70

175,46

10.175,46

2

2,665

10.449,36

273,90

197,21

10.372,67

3

2,665

10.651,87

279,21

201,03

10.573,70

4

2,665

10.858,31

284,62

204,92

10.778,62

5

2,665

11.068,75

290,13

208,90

10.987,52

6

2,915

11.311,32

323,80

233,14

11.220,66

7

2,915

11.551,33

330,67

238,09

11.458,74

8

2,915

11.796,43

337,69

243,14

11.701,88

9

2,915

12.046,74

344,86

248,30

11.950,18

10

3,415

12.363,53

413,35

297,62

12.247,79

11

3,415

12.671,44

423,65

305,03

12.552,82

12

3,915

13.051,52

498,71

359,07

12.911,89

13

3,915

13.424,86

512,97

369,34

13.281,23

14

4,165

13.843,09

561,86

404,54

13.685,77

15

4,165

14.264,74

578,98

416,86

14.102,63

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