DESCOMPLICADOR | PSI: o que é e como funciona?

DESCOMPLICADOR

Índice de referência da Bolsa de Lisboa, o PSI agrega as empresas cotadas com maior liquidez. Conheça melhor esta e outras valências.

Entrada do edifício da Euronext Lisboa.

Todos os países com bolsa de capitais têm um índice de referência. O de Portugal é o Portuguese Stock Índex ou PSI que é utilizado como indicador do desempenho da economia nacional e da saúde financeira do setor empresarial português.

Até março de 2022 era designado de PSI 20, em referência às 20 empresas que faziam parte deste índice. Porém, com a saída de alguns gigantes empresariais do índice, nos últimos anos já só existiam 15.

Desde então não têm surgido cotadas que cumpram as regras para poderem entrar no PSI, que funciona como uma “primeira divisão” ao nível do volume de negociação, de capitalização bolsista e do free float (valor de mercado das ações de uma empresa que estão efetivamente em circulação).

Se quer começar a investir, conheça melhor este índice. 

Critérios para pertencer ao PSI

A gestão das empresas que entram e saem é da responsabilidade da Euronext Lisbon com base em regras pré-definidas e que são do conhecimento público.

De acordo com os novos critérios, o PSI deixou de ter um número mínimo de empresas constituintes mas continua a ter 20 como o número máximo. Foi ainda fixado em 100 milhões de euros o valor mínimo do capital disperso em bolsa (free float) que estas têm de ter para poderem entrar no índice nas revisões periódicas (trimestrais).

Quanto à composição do índice e à distribuição proporcional das suas ações, tal procedimento é revisto anualmente e ajustado pelo free float da bolsa. Assim sendo, os dois critérios principais que ditam quem entra e quem sai deste índice são a capitalização bolsista (dimensão) e o free float (liquidez dos títulos).

A liquidez indica o grau de atividade dos títulos. Portanto, quanto mais transações tiver um título (compras e vendas), maior é a sua liquidez.

Quanto à dimensão, é a própria média de volume de cada título que decide qual o peso de cada empresa dentro do PSI. Quer isto dizer que quanto maior o número de operações fechadas num certo período, maior será a participação dessa ação dentro do PSI. Contudo, o PSI limita a participação de cada ação a um máximo de 20% da composição total do índice.

Preste atenção:
Além do PSI, a bolsa portuguesa conta ainda com o PSI Geral que engloba todos os títulos cotados em Portugal servindo ainda finalidades analíticas como indicador da evolução do mercado de ações nacionais. Anteriormente chamado de BVL Geral, o PSI Geral começou a 5 de janeiro de 1988 com 1000 pontos. Atualmente conta com 27 cotadas e 1501 pontos. Para consultar a lista atualizada diariamente clique aqui.

Cotadas do PSI

Em março de 2025, o PSI é composto por 15 empresas de setores muito diferentes. A saber:

  • Alimentar: Ibersol (dona da Burguer King, KFC e Pizza Hut)
  • Banca: BCP (nunca saiu do índice)
  • Construção: Mota-Engil
  • Correio (urgente e de mercadorias): CTT
  • Energia: EDP, EDP Renováveis, Galp Energia e REN
  • Indústria: Corticeira Amorim (maior produtor mundial de rolhas de cortiça)
  • Produção de papel: Altri, Navigator e Semapa
  • Retalho e distribuição: Jerónimo Martins e Sonae
  • Telecomunicações: NOS


Preste atenção:
Teoricamente, os títulos pertencentes ao PSI são os pesos pesados do tecido empresarial português. Contudo, na história recente da bolsa portuguesa três dessas empresas mais sólidas do país colapsaram. É o caso do BES (falência), do Banco Comercial Português (desvalorizou 99,5%) e da Portugal Telecom (que caiu 99,3%). 

Fórmula de cálculo do PSI

Tal como outras bolsas de valores de outros países, o PSI funciona pelo sistema de pontos e o seu valor é corrigido, permanentemente, à medida que os preços das ações que dele fazem parte sobem e descem. Se o preço dos títulos cair, o valor do índice também cairá e, naturalmente, o contrário é igualmente válido.

O PSI começou a 31 de dezembro de 1992 com um valor base de 3000 pontos e conta atualmente (março de 2025) com 6832 pontos.

As suas principais funções são:

  • servir de indicador da evolução do mercado acionista português;
  • servir de suporte à negociação de produtos estruturados, cuja rentabilidade depende do comportamento do mercado bolsista nacional (caso de futuros e opções).

Contudo, há que ter em conta que o PSI não inclui os dividendos no seu cálculo e, dessa forma, acaba por ser severamente castigado.

Os índices que englobam os dividendos são:

  • PSI TR (Total Return): valor ilíquido
  • PSI All Share GR (Gross Return): valor ilíquido
  • PSI NR (Net Return): valor líquido

No caso dos índices que incluem os dividendos brutos, há que descontar 28% de imposto que incide sobre este tipo de investimento para obter o valor (final) líquido. 

E AINDA…
Para saber mais sobre a Bolsa de Lisboa leia o artigo Uma Jornada Histórica até a Moderna Euronext

Marcos históricos do PSI (20)

Anos 90

  • Privatizações: o PSI 20 ganhou um grande dinamismo graças à entrada de pesos pesados da economia portuguesa – casos da Cimpor e da EDP – anteriormente sob a alçada do Estado.

Anos 2000

  • .com: conheceu uma das maiores valorizações da sua história – mais do que 300% – até ao rebentar da bolha das empresas tecnológicas que também teve ondas de choque na bolsa portuguesa (2000-2002).
  • Crise do subprime americano: transformou-se numa crise financeira global (2008-2009) e o PSI-20 não passou incólume, registando a maior queda de sempre: 51,3%.

Década de 2010

  • Pedido de assistência financeira: o PSI 20 desvalorizou 27,6%.
  • Fusões e aquisições: em 2012, a Brisa (junho) e a Cimpor (agosto) saíram do índice por terem sido alvo de compra através de uma oferta pública de aquisição. Em setembro, entrava o Banif e a Cofina, não tendo, porém, o mesmo peso que as outras duas cotadas no índice.
  • Falência do BES: ditou a saída do banco do índice bem como a retirada de outra empresa do grupo igualmente cotada, a Espírito Santo Financial Group, ficando apenas 18 empresas em bolsa. Em 2014 estes eventos geraram uma grande desconfiança relativamente ao setor financeiro como um todo, sendo o PSI 20 muito afetado com uma queda de 26,8%.
  • Resolução do BANIF: um ano depois, nova saída de um banco do índice. Restam 17 empresas no PSI 20.

Década de 2020

  • COVID-19: com o alastramento da epidemia a todo o globo registaram-se quedas acentuadas nas bolsas mundiais. Em fevereiro de 2020, o PSI 20 perdeu mais de um terço do seu valor, recuando a níveis de 1993. Porém, a notícia do surgimento de uma vacina, ainda no mesmo ano, trouxe uma recuperação aos mercados, registando o PSI 20 uma desvalorização de apenas 6%.

Novas regras da Euronext: em março de 2022, por ocasião da revisão anual do índice, entraram em vigor as novas regras – como o tamanho mínimo para as empresas entrarem no índice – e, consequentemente, a nova designação do índice que deixou cair o 20 para ficar apenas “PSI”.

Gostou deste conteúdo? Encaminhe para um amigo que precisa de saber disto. 
Recebeu de alguém? Inscreva-se aqui para receber diretamente no seu email. É grátis.